CINELIMA - Plano Nacional de Cinema

20 maio 2018

Relação Escola-Família (crónica de João Paulo Amaral)


Não deixa de me espantar a veleidade com que algumas famílias e encarregad@s de educação tratam a escola e os professores.
Ao mínimo sinal de desconforto por parte dos seus educandos não se hesita em confrontar diretamente, por vezes violentamente, de forma física e verbal aqueles e aquelas que todos os dias assumem o papel único de velar pelo bem-estar físico, emocional e educativo de milhares de crianças de norte a sul do país.
A relação com a Escola resume assim à imposição da vontade pela coação dos adultos esperando que o medo resolva comportamentos infantis e juvenis socialmente inaceitáveis que se espera que a Escola resolva sem educar e interpelar os seus atores.
Na atualidade parte significativa do quotidiano escolar é dedicada à gestão comportamental e ao encontro de respostas que permitam que as relações interpessoais com os pares e adultos se traduzem em encontro e não em conflito.
Essa é uma responsabilidade enorme que tem acompanhado os desafios educativos que a escolaridade obrigatória, universal e heterogénea passou a exigir.
Esse é um dever a que as famílias, no seu papel multifacetado e na diversidade de composição atuais, não pode nem deve fugir.  
Duvidar dos professores é fragilizar a Educação, é reforçar comportamentos desadequados que as crianças e os jovens, na sua relação ambígua com o exercício do poder pela força, podem adquirir e que serão difíceis de controlar no futuro. É tornar menos segura a escola para Tod@s. É abrir as portas à infelicidade.
Não significa isto que os pais e encarregad@s de educação não devam confrontar os professores com a necessidade de contribuírem de forma eficaz para o sucesso educativo e pessoal dos seus filhos e educandos.
Pelo contrário é essa a função conjunta que se exige e que é premente numa Escola que se prolonga ao longo do nosso tempo de vida comum e que ocupa, para muitas crianças e jovens, um tempo muito superior ao que passam quotidianamente com os seus pais, educadores e famílias.
É por tudo isto que a Relação entre a Escola e a Família deve ser reforçada.
Ser comunidade exige responsabilidade partilhada. Solicita contributo ativo. Uma voz que seja vida e que ajude…
Na Educação Especial esta é uma verdade inquestionável.
Por isso, na próxima vez em que o telemóvel do seu filh@ ou educand@ tocar durante o tempo de uma aula… tente perceber que, em primeira instância, esse mesmo telemóvel nunca deveria ter tocado… confronte o seu filh@ ou educand@ com esse facto e recorde-se que cada história de vida tem sempre dois lados e tantas visões particulares como o número de pessoas que as contam.
Mais tarde e calmamente poderá perceber junto do professor/a e junto da escola os factos e ser voz ativa no contributo de uma solução de futuro.

João Paulo Amaral, maio de 2018

imagem: colegiadobuenobrandao.blogspot.com, 18 maio de 2018, 17:33h


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